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Quando Eu
Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Cuando yo no te tenía
Amaba la Naturaleza como un monje calmo a Cristo.
Ahora amo la Naturaleza
Como un monje calmo a la Virgen María,
Religiosamente, a mi modo, como antes,
Pero de otra manera más conmovida y próxima...
Veo mejor los ríos cuando voy contigo
Por los campos hasta la orilla de los ríos;
Sentado a tu lado reparando en las nubes
Reparo en ellas mejor —
Tú no me quitaste la Naturaleza...
Tú mudaste la Naturaleza...
Me trajiste la Naturaleza a mis pies,
Porque existes la veo mejor, pero la misma,
Porque me amas, la amo del mismo modo, mas más,
Porque tu me escojas para tenerte y amarte,
Mis ojos la miraron más demoradamente
Sobre todas las cosas.
No me arrepiento de lo que fui otrora
Porque todavía lo soy.
O Pastor Amoroso
Alberto Caeiro

©2004-12-05 by Sebastián Santisi, all rights reserved.


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